Última dança…

Celso Rodrigo
2 min readJan 29, 2021

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Servi um café, peguei a cadeira e ajeitei na varanda. A manhã fresca e calma trouxe-me a lembrança daquela noite. Dificilmente será esquecida. Desde nosso encontro à porta do restaurante até nossos corpos suados, em êxtase e saciados naquele lençol, foi algo surpreendente e surreal, tatuado em minha pele.

Não eram apenas nossos corpos, mas nossas mentes também estavam embriagadas do outro, que ainda me despertam arrepios, fazendo com que o desejo acelere as batidas do meu coração e que a memória de cada pedaço do meu corpo relembre uma das noites mais especiais que tivemos.

A cama foi nosso palco, os gemidos a sinfonia perfeita, a harmonia dos toques compunha a canção quase perfeita. Éramos um do outro e os dois, escravos do desejo, da entrega, do tesão aflorado em gestos e orgasmos. Não haviam espectadores além de nós, mas quem liga? Somos nós as testemunhas que importam, ninguém mais.

O seu perfume ainda devora meus pensamentos, seu arrepio ainda me provoca os lábios, os seus sussurros ainda roubam minha sensatez. O desejo tripudia minha paz, me fazendo esquecer quaisquer atividades que eu tenha que realizar, petrificado me vejo quando me recordo da sua entrega. Nada há de mais belo e delicioso do que possuir uma mulher livre.

Despida não apenas das vestes, mas revelando o que há em sua alma. Ah se todos pudessem contemplar essa liberdade, removeriam todo estereótipo, derrubariam todo paradigma ante o encantamento dessa mulher. Um dragão que te consome com o fogo mais potente, que te ensina a beleza que há em ser, apenas ser.

O café molha os lábios, porém, não possui o mesmo sabor que o seu. Não encontro som mais inebriante que meu nome em sua boca e não há sensação melhor que estar entre seus braços, como um servo diante de sua rainha, aplacando a sua fome, atendendo todo e qualquer pedido.

Sei que foi nossa última dança e não poderia ser mais perfeita.

Um beijo, com afeto.

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Celso Rodrigo
Celso Rodrigo

Written by Celso Rodrigo

Não me leve tão a sério, sério!

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