a menina rosa…

Tenha calma rapaz, ela é rosa, ela é flor.

Embora tenha seus espinhos, observe a delicadeza de suas pétalas. Carregam marcas de outros jardins. Nem sempre foram atenciosos no cuidado com ela. Esqueceram de adubar, de deixar ao sol, de colocar água, de conversar e alimentá-la com carinho e amor.

Com isso, a flor se tornou mais bruta, os espinhos com pontas mais aguçadas, mas visando apenas a sua proteção. Ela não quer se machucar novamente, mas também sabe que, lá no fundo, deseja alguém que lhe traga acalento ao seu coração.

É preciso paciência. Se você chegou agora, esqueça de fazer a poda. Isto é arrancar-lhe seus pedaços. É fazer com que a flor se sinta ofendida. Precisa ir conquistando aos poucos. Sem pressa.

Troque a água quando necessário, adube a sua terra, leve-a para pegar um pouco de sol, mas também permita que ela descanse à sombra. Se à noite esfriar, cubra ela, mas sem sufocar. Somente para proteger do sereno.

Seja sutil ao tocar suas pétalas. Elas ainda estão maltratadas. Deixe que o tempo se encarregue de revelar a beleza que há na alma desta delicada flor. E devo te avisar, há momentos em que os espinhos se mostrarão eficazes em sua defesa, mas não ligue, não revide. Apenas dê espaço e continue com o mesmo cuidado e apreço.

Com o tempo, ela permitirá que sua fragilidade seja acolhida pelo jardineiro que esteja disposto e prove que é capaz de cuidar dela como ela acha que merece. E com isto, terá apenas o vislumbre de sua formosura, do deleite de seu aroma e de suas curvas.

Tenha em mente um último conselho.

Essa menina é flor, é rosa. Pode ser uma orquídea. Ou um girassol.

Pode ser uma borboleta saindo de seu casulo.

Ela é mulher.

Ela é livre para ser o que quiser.

Um abraço, meu caro amigo.

Com afeto.