Ah, as mudanças…
Sempre acreditei na máxima de que “as pessoas não mudam”. Durante muito tempo, carreguei esse paradigma, crendo que realmente não há mudança em nós, como seres pensantes ao longo do passar dos anos.
De fato, há certas coisas em nós que não mudam, porém, outras não apenas mudam, mas carecem de mudança com o passar dos dias. Caso contrário, não seríamos seres evolutivos. Aqui você pode encaixar o rótulo de pessoa espiritualizada, que parece moda agora. Há pessoas que creem na religião, as religiosas. E há as pessoas espiritualizadas. Parece uma forma de mascarar antes o que era uma pessoa religiosa, mas sem causar algum tipo de choque cultural entre religiões. Tanto faz qual seja a sua “facção” religiosa, é como você se comporta que me diz se você é espiritualizada ou não. Uma sutil diferença que, no discurso é bonito, você evita falar quem está certo, na prática, tudo a mesma coisa.
Espera! Não é esse o foco do texto. Voltemos.
Sim, as pessoas mudam e com elas, também alguns traços. Uma parte de nossa essência e personalidade continua intacta, mas outras sofrem alterações com o tempo. E às vezes essa mudança é vital para sobrevivermos em meio à uma sociedade caótica e adoecida.
Medo da mudança? Claro que temos. Desconforto? Principalmente. Ainda mais quando percebemos que isto nos tira da nossa zona de conforto e nos leva a lugares ainda não experimentados. Não somente a mudança de direção nos tensiona, mas o que acontece nesse tempo, o que percebemos pelo caminho, causa um misto de arrepio e alegria. Só vale lembrar aqui que, para a mudança ocorrer, de maneira saudável, é necessário disposição.
Disposição, não apenas para mover-se em uma nova direção, mas em perceber-se no meio do caminho. E com isto, promover seu autoconhecimento, sejam para as coisas boas ou para as coisas ruins. Não é agradável, obviamente, encarar-se diante do espelho e analisar suas nuances, saber do que você é capaz, notar-se egoísta, narcisista e tantos outros defeitos que carrega, porém, saber de si já é um tremendo passo para algo melhor.
É preciso sim, encerrar ciclos. É importante abandonar ideias, conjecturas, ações e pessoas até, seja doloroso ou não. Faz parte da evolução. Partimos, deixando coisas boas e coisas ruins. Lembranças que, volta e meia podem nos assombrar, mas não podem definir, até certo ponto, quem somos. Afinal, como havia escrito no início, algumas características de nossa essência não mudam, mas podemos lutar incessantemente para que nossos demônios não ressurjam vez ou outra, para trazer o mal às pessoas que nos cercam.
Façamos o melhor, não o nosso melhor ou o melhor que os outros digam que é, mas o melhor que possa contribuir para você e para os outros. É observar seu enredo com os olhos do narrador, não com os olhos dos personagens. Isolar cada sentença e julgar se, de fato, é a decisão mais sensata a se tomar. Voltar atrás, se preciso for, de atitudes precipitadas. Seja sincero com os outros, mas seja muito mais com você mesmo.
Talvez assim, possamos nos transformar da lagarta para a borboleta. Trazer beleza aos dias feios que se apresentam diante do nosso cotidiano. Plantar generosidade, paciência e gentileza, cultivar com educação e amor. Nem sempre os frutos colhidos serão bons, pois sempre haverá frutos e folhas que estragam e caem. Ótimo também, tente não pensar com pessimismo e voltar atrás. Persista, continue, trabalhe arduamente sabendo que, pode ser que não mude o mundo e nem as pessoas, mas você está mudando. E sim, mesmo não percebendo, estará fazendo a diferença.