Memória na pele
Foi em Dezembro.
Recebi a notícia de que você estava presente entre nós. Ali você trouxe um misto de espanto e alegria. Não era planejado, mas nem por isso, consideramos algo ruim. Pelo contrário.
Todo esse tempo, nove meses, tentei lidar com essas emoções. Sempre silente, busquei meditar e pensar no que poderia ter sido. Não planejei ou vislumbrei você no futuro, pois ainda estava absorvendo a notícia de que você estava ali!
Nove meses depois, resolvi registrar em minha pele essa data. Ali você nasceu em meu peito. Ali você me marcou.
Peço desculpas se não fiz festa ou comemorei de maneira mais efusiante, eu ainda estava atônito, sem saber o que realmente significava essa boa nova pra mim.
Logo depois, a sua partida.
Esse misto entre saber que você era e já não era mais, me fez buscar o único meio que sei para esconder minhas emoções dos outros e repensar tudo o que vivera até ali, o silêncio da solidão.
E nove meses depois, explodiu novamente em meu peito, através de sonhos e pensamentos, a emoção de que você estaria aqui, em meus braços.
Poderia olhar em teus olhos. Que seu olhar puxasse os olhos de sua mãe, assim como o sorriso, por favor. E saber que ali você estava seguro, que eu seria aquele nomeado com a responsabilidade de te ensinar, te educar e mostrar do que nosso mundo é feito.
Talvez poucos ou ninguém entenda por quê só agora. Nem eu entendo, porém, é forte sua presença em meus dias e em meus pensamentos.
Onde quer que você esteja, que sua pureza de criança possa me iluminar, me ajudar a ser uma pessoa melhor do que fui.
Saiba que você foi amado(a), querido(a) e desejado(a). Mesmo com minhas falhas em não externar o que realmente sentia, sorrindo ou chorando. Em minha quietude, pensava em você.
Nove meses depois, gravei em minha pele, a lembrança de que você foi presente em minha vida.
Te carregarei sempre, em minhas memórias, em meu coração e agora, em minha pele.
Te amo. Com afeto…