Sobre liberdade…

Celso Rodrigo
2 min readJan 31, 2023

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“O homem pode fazer o que quer, mas não pode querer o que quer”. [Arthur Schopenhauer]

Por que estás mais quieto hoje, meu amigo?

Não sei ao certo, acordei ensimesmado hoje, buscando entender os motivos das pessoas se ofenderem pela “liberdade” alheia. Aquilo que não entendemos ou vão contra nossos valores, transformamos em ofensa e, encontrando outras pessoas que tornem essas ofensas legítimas, ao invés de buscarmos um entendimento do outro, destilamos o ódio ao desconhecido.

Por um grande tempo, defendi o homem e sua liberdade e até mesmo a existência do livre-arbítrio, onde acreditamos que somos livres para escolher, somos livres para fazer, livres para ser, livres.

A liberdade é apenas uma ilusão, como eu enxergo hoje.

Falamos de liberdade de fazer, mas esquecemos o que está por detrás do que fazer, nosso querer. Será que somos tão autômatos assim? Creio que não. Pregamos a liberdade, mas o que fazemos, nada mais é que trocarmos de prisões. A liberdade do outro revelam as minhas prisões. E somente diálogos encerram prisões.

Todavia, é a velha história de medirmos a régua do outro pela nossa régua. E se deixarmos essa régua de lado, sem pretensões de defender uma verdade que nada mais é do que um ponto de vista convincente aos nossos olhos.

Somos prisioneiros dos desejos, prisioneiros de opiniões alheias, prisioneiros de paradigmas, prisioneiros políticos, prisioneiros religiosos, etc. Nada mais que prisioneiros.

A “liberdade” que acreditamos é condicionada. Condicionamos segundo nossa experiência, condicionamos segundo nossos pensamentos, condicionamos a liberdade conforme o que faremos à frente. Caso contrário, talvez não seja uma “liberdade” tão livre assim, uma vez que será medida e julgada segundo nosso modo de percebê-la. Nisto, a liberdade do outro é ofensa, agressão, transgressão.

A liberdade do outro é desejada no oculto do nosso íntimo, invejada até, porém, nos escondemos diante de uma ética e moral adoecida, crendo que é o certo a se fazer, mas quem determinou o que é certo? Esse certo é tão certo assim? Quem determinou a ética e a moral, senão um coletivo que traz dentro de si o anseio por essa liberdade transgressora? Logo, a prática vira apenas retórica envernizada, beleza aos olhos. Nada mais.

Liberdade, a doce ilusão daqueles que creem trazer debaixo do seu braço a verdade.

Somos livres para fazermos o que quisermos, mas quem nos libertará desse querer?

Mas onde chegar com isto?

Sei lá, você é livre para concluir o que quiser.

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Celso Rodrigo
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Written by Celso Rodrigo

Não me leve tão a sério, sério!

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