Sobre orações…
A mente sempre inquieta transforma o silêncio em sussurros gritantes. Nem sempre é possível desligar os pensamentos, que acabam se transformando numa chuva de informações, um emaranhado de palavras desconexas ou uma reflexão que não foram encerradas porque outra reflexão a atropelou.
Há uma necessidade de fuga a cada instante. O isolamento dentro de si deixou de ser refúgio, pois os ruídos ao redor revelam que as paredes da alma, antes silenciosas, se tornaram frágeis. Sorvo um gole de café, respiro fundo e tento convencer-me de ali adiante, tudo ficará melhor.
Nem sempre é possível manter o positivismo, mas é necessário que ele esteja por perto. Provavelmente há um cansaço mental ou a energia da bateria anda em baixa e não encontro maneiras de recarrega-la. E está tudo bem. Não precisamos disfarçar o tempo todo que tudo está bem, basta acenar com a cabeça e prosseguir caminhando.
A meditação é um escape, porém, assim como muitos hábitos que, se não cultivados, se mostram ineficazes. E por que não insistir então? Repito, a mente inquieta é o obstáculo. Entre rezas e orações, encontro um pouco de silêncio e a nascente de minhas lágrimas. Não há dor oculta, insatisfação ou outro motivo aparente, há apenas a necessidade de transbordar de si para o externo, onde as palavras não são imprescindíveis.
Interpretar esse momento também não é tarefa fácil, muito menos o que o choro contém em sua mensagem. Todavia, o mesmo silêncio que aturde traz em si mesmo as respostas que preciso. Por isso sempre mantenho próximo a mim, uma vela e um isqueiro. Na sua chama, queimo o silêncio que escorre em lágrimas até que nada mais reste, além do amontoado de cera, quando resta.