Sobre perguntas e respostas…

Celso Rodrigo
3 min readDec 6, 2018

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O que fazer com essas certezas que possuo senão jogá-las fora? Descartar todo o conhecimento que adquiri e repensar a vida e seu cotidiano. Manter esse exercício diário, afim de buscar um crescimento, uma maturidade ainda não alcançada. Infelizmente percebi tardiamente que essas certezas mais me atrapalharam do que ajudaram neste tempo ausente das palavras.

Revisitando meu antigo blog (ele ainda está lá!), pude perceber que algumas destas verdades que carrego hoje ainda não existiam. Era mais fácil discorrer um assunto sem a presunção de que eu sabia realmente do que estava falando. Tratava-se mais de uma busca por respostas às perguntas que cresciam a cada linha escrita do que uma afirmação do que aprendi até o presente momento.

Despir-se de toda a pretensão que possuo as respostas necessárias às minhas necessidades é uma das decisões que resolvi levar adiante. Descartar as respostas que possuo e buscar novas perguntas. Deixar de lado a tal lacração ou uma arrogância de que sei o que outrora sabia. Somos mutáveis, com o passar do tempo, nos moldamos à cultura e modo em que a sociedade se apresenta. Não posso prosseguir minha caminhada cheio das certezas que carrego, quando a vida me exige novas perspectivas.

Há também um certo pudor em dissertar um assunto ou outro, pois os dias são temerários acerca das opiniões que emitimos. O que eu escrevo pode ser algo diferente do que você possa entender, por isso busco ser o mais claro possível naquilo que escrevo, mas também não me eximo que possa haver alguma responsabilidade minha acerca do seu entendimento. Há sentenças que precisam de um diálogo e tempo maior do que o pequeno espaço do texto dispõe. Ou então, as ideias ficariam mais claras enquanto estamos à mesa, conversando descontraidamente, entre um gole de cerveja e outro.

Confesso que errei. Acreditei que os autores que li alicerçaram meu conhecimento de maneira firme e cai no engano de que sabia muita coisa, quando o sábio Sócrates nos ensina que é necessária a humildade de perceber de que nada sabemos. Intelecto inchado de palavras, uma verborragia carregada de termos diferentes do que empregamos informalmente durante o dia não nos fazem melhores. Nossa condição ainda permanece, a de que realmente, nada sabemos.

Se afirmamos determinado conhecimento de um assunto, há milhares de outros ainda desconhecidos. Há quem possa dissertar milhares de ideias e convencer através de sua retórica, mas talvez não conheça a si mesmo como deveria. Virtude perdida. Engano de si mesmo.

Por hora, apenas uma breve reflexão de que preciso melhorar. Preciso persistir. Das minhas verdades, preciso esquecer. Novas questões precisam ser propostas. Não há nada de novo sob o céu. Todavia, repensar a vida e a maneira como me relaciono com ela e com os outros é que pode trazer um pouco de sossego ao coração inquieto que ainda carrego em meu peito.

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Celso Rodrigo
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Written by Celso Rodrigo

Não me leve tão a sério, sério!

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