Sobre #tbt’s…
Há mais de um ano eu pisei no chão sagrado de um terreiro. Depois de muito tempo, não entendendo o conceito dessa crença e fé e a linha tênue que as divide, aceitei o convite da minha filha, mesmo medroso que sou, a curiosidade falou mais forte. Mal sabia eu a transformação que haveria de lá para cá. Final de Maio resolvemos novamente voltar a entrar num terreiro, com a mesma mãe de santo.
Nosso acolhimento dentro do Terreiro Caboclo Pena Branca foi maravilhoso. Naquela época, ainda eram poucos médiuns na casa, mas a sua força, sua energia, o amor e alegria, tudo isso explícito no sorriso de cada um, já anunciava grandes coisas que nem imaginávamos.
Aos poucos fui me jogando nessa espiritualidade nova para mim, mesmo passado esse tempo, até hoje, ainda engatinho dentro da Umbanda. Sigo o meu caminho com meu olhar sempre maravilhado para todas as coisas.
Desde o início dos rituais, passando pela abertura, defumação, saudações e a chegada de Seu Pena Branca, tudo é objeto de minha atenção. Se em minha primeira visita em um terreiro, eu fiquei aturdido, hoje a voz embarga e os olhos marejam ao tentar descrever o que meus olhos contemplam a cada gira.
A reverência de cada membro da corrente, o respeito das entidades com cada um, a alegria que nos contagia através de seu sorriso, nos faz sentir o carinho e cuidado que Seu Pena Branca tem com cada uma que adentra as portas de sua casa, assim como fazem as demais entidades. Seja na consulta, seja como cambone, você sempre sairá diferente da forma que entrou. Eles possuem uma capacidade de tocar em você, mesmo sem precisar de palavras.
A forma que eles vêm em terra possui uma magia poética, suas danças, suas formas de se apresentarem, seus gritos, suas expressões, não há como não maravilhar-se diante de tudo isto. E a energia surreal que há neste chão? Capaz de fazer você esquecer de todas as coisas e permanecer em êxtase pelo toque da paz e acolhimento que recebemos.
Digo tudo isto, não apenas por ser membro desta corrente, pois sempre que vou, meu coração se alegra e se constrange pelo privilégio que há em viver o que vivo hoje, caminhando dentro da Umbanda, junto com pessoas que possuem anos de sabedoria e muito mais conhecimento do que este pobre sobrevivente que escreve aqui.
Aos poucos vamos aprendendo sobre o significado das velas, das pembas, tábuas, plantas, ervas, energias, símbolos, palavras, canções, etc. Uma infinita fonte de informações e conhecimentos ancestrais que pouco é falado dentro do mundo que forma nosso ser, como escolas, por exemplo.
É extremamente revigorante você receber um axé, seja de um(a) caboclo(a), preto(a) velho(a), cigano(a), boiadeiro(a), marinheiro(a), baiano(a), malandro(a), erês, exus, exus mirins e pombas giras. Além de tantas outras linhas por aí. Cada um(a) a seu modo, nos demonstra seu carinho, seu cuidado, suas experiências e sua força.
Hoje o que transborda em meu ser, depois de tanta mudança de mente, principalmente, é a gratidão por caminhar nessa espiritualidade. Ainda haverão mais textos sobre isto, mas por enquanto esse é um pouco do #tbt desenhado dentro deste aprendiz de pensamentos inquietos.