Um desabafo apenas…

Celso Rodrigo
3 min readDec 10, 2021

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Há tanto o que escrever às vezes, mas junto com o peso da escrita, sinto o peso das palavras. Como não expor sua alma ou fraquezas? Como, num texto de desabafo, eu não cause feridas em alguém? Com isto, os textos acabam enterrados dentro do peito e ficam lá, ecoando de maneira intermitente, cada vez mais alto, cada vez mais forte.

Poderia dar de ombros e utilizar a justificativa de que sou responsável pelo que digo, mas não pelo que o outro compreende, porém, as palavras possuem uma força absurda e se não expressadas corretamente, podem trazer dores à tona, que são desnecessárias. Sim, você pode me dizer que depende também da interpretação do leitor, mas todos somos afetados de maneira externa e isto pode refletir em como enxergamos as coisas ou como interpretamos os textos.

Por isso reluto em escrever ou discorrer algum tipo de “DR”. Não são apenas palavras, é o que você sente. Mas e se o que você sente no momento é raiva, é dor, é vontade de revide? Neste caso é melhor silenciar. Repensar atitudes e alinhar o discurso com o agir. Nem sempre o resultado da análise terá um gosto agradável à garganta, mas é o que busco. Conseguir vencer o orgulho e assumir erros.

Já carrego arrependimento demais pelo que falei ou pelas atitudes que tomei que não estavam de acordo com o que era dito. Prefiro o silêncio e a revolta do outro em exigir uma resposta, mas não a apresentar do que responder segundo minha dor momentânea ou dizer algo que sirva de tropeço futuramente.

Nisto, textos nascem e morrem debaixo do chuveiro, ou então, nascem e morrem tendo meu travesseiro como confidente. Outros, que não chegam a criar forma, ainda os carrego em minh’alma e por lá viajam e permeiam minha existência. Quisera ter coragem para dizer tudo o que gostaria, mas sei que não traria algum benefício, além do alívio dentro de mim. Nada mais. Assim eu sigo, percorrendo meus caminhos, perdido por agora, sem direção aparente e muito menos que tenha um chão onde eu possa pisar firme, tendo a certeza de que tudo dará certo.

E mesmo que eu explique que, desde pequeno, desaprendi a confiar nas pessoas e me é exigido respostas ou posicionamentos que somente agora estou aprendendo a dar vasão. Não é fácil, é tarefa árdua, pois a vontade é de sair correndo mundo afora e abraçar a solidão que insiste em me convidar à mesa. Declino seu convite, pois sei que não é salutar. Prefiro o dia nublado e frio para os momentos de solitude e me escondo atrás de um copo de cerveja nos dias mais claros. Me habituei assim e não sei se mudarei tão repentinamente.

Já me chamaram de egoísta por ser assim, introspectivo em meu mundo. E sim, quem tenta invadir minha casca, acabo afastando, uma vez que representa uma ameaça ao meu mundo particular. E mesmo querendo gritar socorro, me abraço à dor de ver a pessoa partir do que expor meu mundo à uma presença que não o compreende.

Espero um dia vencer tudo isso. Até lá, sigo, regando minha esperança com lágrimas, para que se torne uma árvore forte, capaz de romper essa casca que ainda me envolve.

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Celso Rodrigo
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Written by Celso Rodrigo

Não me leve tão a sério, sério!

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